terça-feira, 16 de junho de 2009

Tauá

Chegado de viagem, coisas muitas para resolver. Pouco tempo para escrever. Em três dias outra viagem. A próxima: Belo Horizonte - Minas Gerais para o Festival Mundial de Circo do Brasil. A anterior: Tauá – Ceará para o IV Festival dos Inhamuns – Circo, Bonecos e Artes de Rua, com o Circo Girassol.

Mesmo com todos os compromisso por resolver antes da próxima viagem, faço um esforço para registrar o que trago de Tauá, antes que por um ou outro motivo algo se perca. Sempre procuro tempo e paciência para escrever, não é este agora o caso. Mas é o que tenho, e temos o que temos. Redundância necessária: uma auto-afirmação que assume o limite atual para agir, mas com multiplas possibilidades. Acontecimentos muito mais velozes que minha capacidade de pensá-los. Tento ao menos senti-los.

Tauá
Cidade de muitos gatos
Muitos sapos
Muriçocas
Potós
Motos acrobáticas sem capacetes
Paus- de- arara
Cidade pequena
Quente
Não tão quente, não tão pequena
Cidade de casinhas a beira da calçada
Cidade de gente
Para onde levamos nossa arte
Nosso corpo, nosso ser
De onde trazemos
Alegria, carinho, paciência
Generosidade, atenção, força
Tudo dentro de uma grande mala
Atrás do nariz de palhaço: saudade
Por tudo, figurino, corpo: saudade
Mas também muita alegria
Energia renovada
E por entre acrobacias, equilíbrios e malabarismos
A vontade de continuar levando a nossa arte onde o povo está

Tanta coisa para escrever... Mas os dedos não recebem informações conexas, lógicas.
Frases soltas...
Dispersão...

Felicidade: viajar, conhecer pessoas, se perceber importante para elas, se ver motivando outras com o que faz.

Quatorze dias de convivência.
Viajamos para ensinar com oficinas, para apresentar nosso espetáculo. Mas fomos acolhidos de tal forma, que mal sabíamos como agir. O carinho e a atenção das pessoas, em alguns momentos me deixavam constrangido, como dizendo em silêncio: eu não mereço tanto. Simultaneamente alegre, por estar realizando está troca: de carinho, de sotaques, de cultura, de experiências, de arte, de energia.

Trago-me outro do sertão. A seca floresceu em mim flores, quem sabe frutos, que nem sei bem, mas sei. Obrigado Tauá.

p.s.: das citações abaixo anteriores.
A da onça cantávamos durante a oficina dramaturgia do palhaço, com Luíz Carlos Vaconcelos, o palhaço Xuxu.
A do Tumtumtum é parte da coreografia da quadrilha do Grupo Flor do Mandacarú.
Da oficina: novas idéias e a motivação para pesquisar mais o universo do palhaço.
Da quadrilha: a energia, a raça de um grupo unido em prol de uma tradição, de uma arte, de um amor.

Talvez mais tarde escrevo um pouco sobre cada um desses encontros marcantes.

Um comentário:

  1. Que lindoooooo!!! Para alguém que tem pouco tempo para escrever e está com as idéias em desordem é de se admirar...rsrsrs
    Encontrou um Xuxu!
    Já leu Michel Serres? Eu te falei dele. Te mostro uma hora dessas, porque o livro é raro. Ele fala que, ao retornar de uma viagem, não somos mais os mesmos. Quando saímos para ver o mundo, um pouco do mundo volta conosco, impregnado na nossa existência. Também fala da experiência do novo, nem sempre estamos prontos para acolher o que o mundo nos oferece. Tu estava, por isso encantou-se e consegue, mesmo com apressadas palavras, deixar uma vontade enorme de visitar mais o mundo...

    Beijos

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