Segunda: manhã.
Deito-me sobre a cama: janela aberta.
Na rua: chuva.
Uma árvore: magricela, muitos finos galhos, cada galho com mais galhos, mais finos, e neles, pequenas folhas.
Meu olhar, meu pensamento: tristes estão as folhas, direcionadas ao chão, curvadas.
Talvez pelo dia cinza.
Meu pensamento, repensando: olhar viciado, porque triste estariam? Curvado, logo triste?
É preciso destreinar o olhar!
Descobri que as folhas se curvam não em tristeza, mas em reverência: agradecem a chuva, se curvam para que ela chegue, para que ela passe, para estar com ela.
Vi o vento: vi como as folhas dançam. Elas recebem o vento!
Belas lindas folhas, que recebem, que trocam, que aceitam.
Onde começa a chuva, termina a folha, inicia o vento?
Não há que se pensar: folha, vento, chuva não pensam: elas são.
Pobre de quem teima questionar, analisar, resistir.
O que vejo da janela: harmonia.
Há que se destreinar o olhar!
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
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Se eu tivesse uma janela, também veria, mas não tendo, eu imagino. Tua postagem lembrou mais um poema meu...ehuehuhuehuehue
ResponderExcluirSerá que ela cai
Se ventar demais?
Será que o vento faz música
Pra ela dançar?
Será que ela toca o céu
Mesmo estando no chão?
Será que ela não quer
Dar uma volta na quadra?
Será que ela se orgulha
De suas raízes?
Será que ela sabe
Que a chamamos de Árvore?
Não, elas não estão tristes... estão dançando!
ResponderExcluirMas ela nem é tão magricela assim...
"I
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!"
(Mario Quintana - A Rua dos Cataventos)