quinta-feira, 28 de maio de 2009
Soluções
Encontrar soluções. Resolver problemas. Agir. Um passo, outro passo. Muro. Meia volta. Outro passo, opa, tropeço, Clac. Um sorriso, outro. Uma pirueta, duas piruetas, bravo, bravo! Um vinho, arroz, saladas. Café, chocolate. Uma briga, outras pazes. Um telefone, uma caminhada. Ônibus, outro ônibus, um ensaio. Reunião, outro ensaio. Pare, olhe, pense. Penso, logo existo! Penso no que? Penso, ou sou repetidor? Caminho. Altero, diminuo. Penso. Concluo. Mudo de idéia em seguida. Caminho. Paro, mas continuo em movimento: interno, pensamentos. Evolução. Involução. Coisas grandes, pequenas. Saber mensurar. Grande no tamanho, pequena em importância. Grande em extensão, pequena em intensidade. Atos. Ações. Potência: nas teorias do movimento: força x velocidade. Estudo. Treino. Livros. Computadores. Mais arroz, feijão. Calma, respira. Apnéia. Chão. Pés no chão, mãos, corpo. No ar: cabeça, poeira. No peito: músculos. No coração: sangue. No sangue: o vermelho. No vermelho: esquerda. Na esquerda: um opção. Na direita: outra. E a cada lado: novas esquerdas e direitas. Possibilidades. Variáveis. Opções mais ou menos viáveis. Agir. Resolver problemas. Encontrar soluções.
Agressivo
Velocidade da marcha: indefinida.
Tom de voz: agressivo.
Pressa.
Atos revirados, exageros. Mas assim parece pedir a contra-marcha da vida. Contra as vontades, contra a energia. Amarrações impossibilitando os movimentos: esperar a verba, encontrar formas possíveis, tempo.
De alguma forma, por algum motivo, estamos aqui. Quais são estes? Não me parece que estamos à altura de responder. Talvez mais altos, talvez mais baixos, talvez tamanho não seja a medida. Mas estamos. Estar. Parece-me que outro verbo pede o encontro com o anterior: se entregar. Ao que estamos, nos entregamos. Exatamente ao que, não sabemos.
Se entregar, como quem agarrado forte no que deseja, cai no mais profundo abismo. Como quem não sabe, mas intui. Buscar a intensidade. Mas saber conjugá-la com outras intensidades, com outros. Mas estamos todos entregues? Metade do corpo aqui, metade lá. Ora trabalho, ora lazer. A forma de ganhar dinheiro. Ganhar a vida. Me encontro em outro posto: nunca ganhei a vida: sempre fui pegá-la. E ela escapa. As vezes, ironicamente, vem dócil, para depois, fugia, ir adiante, como quem dissesse: “vem! A vida é isso: não é. Siga a busca.” Justamente, ela não é. Nessas quatro letras cabe o mundo, cabem todas as experiências, todos os seres.
Agressividade. É o que nos faz pensar, uma agressão do mundo, o estranho, a dúvida. O tapa na cara que levamos toda vez que olhamos adiante. Mas há de ficarmos fortes, e este tapa, se tornará uma carícia. Mas enquanto isso não chega, é o momento da batalha, a emergência da luta: contra nossas limitações, as da sociedade, as do outro. Agressividade não como violência, mas como ação ofensiva, a postos, adiante. Existe a espera, mas esta se dá em movimento, como quem andando, espera chegar. Andamos, corremos, saltamos, caímos, levantamos, rolamos, suamos, cantamos, dançamos, seguimos: não necessariamente em linha reta, necessariamente com rota definida, mas seguimos.
Tom de voz: agressivo.
Pressa.
Atos revirados, exageros. Mas assim parece pedir a contra-marcha da vida. Contra as vontades, contra a energia. Amarrações impossibilitando os movimentos: esperar a verba, encontrar formas possíveis, tempo.
De alguma forma, por algum motivo, estamos aqui. Quais são estes? Não me parece que estamos à altura de responder. Talvez mais altos, talvez mais baixos, talvez tamanho não seja a medida. Mas estamos. Estar. Parece-me que outro verbo pede o encontro com o anterior: se entregar. Ao que estamos, nos entregamos. Exatamente ao que, não sabemos.
Se entregar, como quem agarrado forte no que deseja, cai no mais profundo abismo. Como quem não sabe, mas intui. Buscar a intensidade. Mas saber conjugá-la com outras intensidades, com outros. Mas estamos todos entregues? Metade do corpo aqui, metade lá. Ora trabalho, ora lazer. A forma de ganhar dinheiro. Ganhar a vida. Me encontro em outro posto: nunca ganhei a vida: sempre fui pegá-la. E ela escapa. As vezes, ironicamente, vem dócil, para depois, fugia, ir adiante, como quem dissesse: “vem! A vida é isso: não é. Siga a busca.” Justamente, ela não é. Nessas quatro letras cabe o mundo, cabem todas as experiências, todos os seres.
Agressividade. É o que nos faz pensar, uma agressão do mundo, o estranho, a dúvida. O tapa na cara que levamos toda vez que olhamos adiante. Mas há de ficarmos fortes, e este tapa, se tornará uma carícia. Mas enquanto isso não chega, é o momento da batalha, a emergência da luta: contra nossas limitações, as da sociedade, as do outro. Agressividade não como violência, mas como ação ofensiva, a postos, adiante. Existe a espera, mas esta se dá em movimento, como quem andando, espera chegar. Andamos, corremos, saltamos, caímos, levantamos, rolamos, suamos, cantamos, dançamos, seguimos: não necessariamente em linha reta, necessariamente com rota definida, mas seguimos.
sábado, 23 de maio de 2009
Laços
Da forma líquida, fugidia da vida contemporânea, restam os laços para nos oferecer segurança e conforto. Um porto, ou uma âncora, um recurso regulador dos fatos, um outro para se ver, para espelhar. Um outro para ver, e para ser visto. Para provir certezas: como estar certo na solidão? Como saber de onde surgem nossos pensamentos, se são produzidos com certificados de bom senso e realismo? Delegar-nos à avaliação de outrem, e neste ver a si, enquanto ser humano, errante, normal, emissor de juízos e opiniões mais ou menos corretos. Já não se casa mais por obrigação, ou se namora por questões de visibilidade ante a sociedade. Os relacionamentos cristalizados por vigência social estão desaparecendo. Eis que insurge outra necessidade: numa sociedade efêmera, se encontra nos relacionamentos a perenidade. Uma forma de contrato: você diz quem eu sou, que eu digo quem você é, e juntos, somos.
O que está em jogo hoje é uma demanda do amor, de sentimento, de paixão, numa época em que a necessidade se faz cruelmente mais intensa. É toda a geração que passou pela liberação do desejo e do prazer, é essa geração cansada de sexo que reinventa o amor como suplemento afetivo ou passional. 1
Há duas grandes linhas, blocos, múltiplas linhas, a que se predispõe esta analise: a dos relacionamentos como um pacto sedutor, uma troca potencializadora, um bocado de terra, para ter o que desterritorializar ante à emergência líquida da vida contemporânea. Noutro bloco: um pedaço de humano à que se agarrar, um foco para dirigir seus olhares e pensamentos, sua atenção e dedicação, suas virtudes e seu lado mais sombrio, seu ser que é e que se oferece ao outro e busca no outro a recíproca.
Num bloco, o encontro, a potência, o grau zero do relacionamento. Longe dos clichês, das predisposições e pré-conceitos: a multiplicidade, o devir. Algo difícil de se produzir numa sociedade que traz os resquícios morais dos mais variados, por uma lado, e a necessidade de apego, dos mais variados, por outro. Aí insurge o segundo bloco. Noutro extremo.
Outras linhas de ação. Recusar a transferência das decisões de um lado ao outro. Recusar a segurança, ao espelho. Recusar ao outro. Recusar à visibilidade. Aceitar a possibilidade de desaparecer, da transparência de si. Buscar no silêncio, na solidão, a fortificação, a auto construção no dia-a-dia. Se trata de um ato de coragem, de aceitação. Entregar-se a incerteza da vida, que não é poética, ou transcendente, mas imanente. Prender a respiração e mergulhar: ou se afoga, ou adapta-se ao meio líquido, como o personagem do filme Waterworld - O segredo das águas.
Não se trata de uma vida de solidão. Mesmo que exista esta possibilidade. Mas é talvez na solidão que se pode se entregar a multiplicidade da vida, tornando-a mais perceptível, aguçando os sentidos, exercitando pensamentos. Depois disso, qualquer relacionamento pode ser potencializador. Pois há em si a potência e a abertura perceptiva e receptiva à potência do outro: quer seja pessoa, objeto, ou acontecimento.
1 Jean Baudrillard. As estratégias Fatais. Rocco: Rio de Janeiro, 1996.
O que está em jogo hoje é uma demanda do amor, de sentimento, de paixão, numa época em que a necessidade se faz cruelmente mais intensa. É toda a geração que passou pela liberação do desejo e do prazer, é essa geração cansada de sexo que reinventa o amor como suplemento afetivo ou passional. 1
Há duas grandes linhas, blocos, múltiplas linhas, a que se predispõe esta analise: a dos relacionamentos como um pacto sedutor, uma troca potencializadora, um bocado de terra, para ter o que desterritorializar ante à emergência líquida da vida contemporânea. Noutro bloco: um pedaço de humano à que se agarrar, um foco para dirigir seus olhares e pensamentos, sua atenção e dedicação, suas virtudes e seu lado mais sombrio, seu ser que é e que se oferece ao outro e busca no outro a recíproca.
Num bloco, o encontro, a potência, o grau zero do relacionamento. Longe dos clichês, das predisposições e pré-conceitos: a multiplicidade, o devir. Algo difícil de se produzir numa sociedade que traz os resquícios morais dos mais variados, por uma lado, e a necessidade de apego, dos mais variados, por outro. Aí insurge o segundo bloco. Noutro extremo.
Outras linhas de ação. Recusar a transferência das decisões de um lado ao outro. Recusar a segurança, ao espelho. Recusar ao outro. Recusar à visibilidade. Aceitar a possibilidade de desaparecer, da transparência de si. Buscar no silêncio, na solidão, a fortificação, a auto construção no dia-a-dia. Se trata de um ato de coragem, de aceitação. Entregar-se a incerteza da vida, que não é poética, ou transcendente, mas imanente. Prender a respiração e mergulhar: ou se afoga, ou adapta-se ao meio líquido, como o personagem do filme Waterworld - O segredo das águas.
Não se trata de uma vida de solidão. Mesmo que exista esta possibilidade. Mas é talvez na solidão que se pode se entregar a multiplicidade da vida, tornando-a mais perceptível, aguçando os sentidos, exercitando pensamentos. Depois disso, qualquer relacionamento pode ser potencializador. Pois há em si a potência e a abertura perceptiva e receptiva à potência do outro: quer seja pessoa, objeto, ou acontecimento.
1 Jean Baudrillard. As estratégias Fatais. Rocco: Rio de Janeiro, 1996.
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